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TKS Comunicação

Treino descalço: sim ou não? Especialistas esclarecem a polêmica sobre o tema

O contato direto com o solo beneficia a força dos pés, o equilíbrio e a estabilidade


Não é incomum ver pessoas treinando descalços na academia. Ao ver este tipo de cena, a pergunta que muitos alunos fazem é: vale a pena? Existem diversas pesquisas sobre o tema, e enquanto algumas defendem a escolha, outras alertam para o risco. Para entender definitivamente se é uma opção viável ou não, quais são os benefícios e os cuidados e se vale a pena incorporar a metodologia ao treino, conversamos com dois especialistas: um profissional de Educação Física e um Fisioterapeuta.


“Basicamente a diferença entre treinar calçado e descalço é o fato de proporcionar maior estímulo da musculatura dos pés para a estabilização corporal e da amplitude. Essa estimulação melhora o controle dos membros inferiores de maneira mais eficiente, a captação sensorial dos pés com o solo ajuda a controlar a postura, auxilia na recuperação da consciência corporal e a estimular os mecanismos de propriocepção (capacidade em reconhecer a localização espacial do corpo)”, detalha Rodrigo Fenner, fisioterapeuta, coordenador e professor do curso de Biomecânica e Cinesiologia da Faculdade UNIGUAÇU.


Um artigo publicado em setembro de 2023 na Revista Muscles, Ligaments and Tendons, afirma que o treino descalço é eficiente e melhora a força, a potência e a performance. Para não deixar dúvidas o teste foi realizado com tênis e descalço, com homens e mulheres e utilizou dois tipos de metodologias: baropodometria (identifica as alterações biomecânicas nos pés nas posições ortostática, estática e dinâmica) e estabilometria (mensura as oscilações na postura ortostática).


Os testes foram conduzidos pelo PhD Alex Souto Maior, o profissional é um dos principais pesquisadores na área de treinamento de força para alta performance, prevenção de lesões e reabilitação. “Analisamos homens e mulheres treinados, todos realizaram o exercício de levantamento terra (DEADLIFT) descalço e com tênis com uma carga de 80% do peso corporal. Os resultados confirmaram que a estratégia contribui para a menor oscilação anteroposterior, oscilação laterolateral e a diminuição da pressão da superfície plantar (máxima e média), de ambos os sexos proporcionando maior estabilidade e resultando em maior desenvolvimento de força e potência”.


Os dados contribuem para a compreensão qualitativa e quantitativa de que treinar descalço deve ser recomendado no fitness, na alta performance e na reabilitação por contribuir significativamente com a estabilidade e o artigo traz informações úteis para treinadores, médicos e fisioterapeutas no que diz respeito a alta performance, prevenção de lesões e reabilitação.


Segundo Fenner, o treino descalço é justificável apenas para alguns exercícios (agachamentos, terra, leg press, elevações pélvicas), ou seja, o tênis continua sendo um item necessário. É importante ressaltar que é fundamental ter o auxílio de um profissional de Educação Física e estar atento para evitar acidentes, tanto com a estruturas dos aparelhos ou de possíveis riscos com a queda de pesos e anilhas. E para quem tem dúvida de qual tênis usar para o treino na musculação, a melhor opção são os com solados com menos amortecimento, pois quanto menor o amortecimento, mais solicitação do pé, que impactam o conforto e proteção, mas com relação à eficiência, melhor descalço.


“Vale lembrar que o pé humano tem um arco capaz de suportar a rigidez e deformação de acordo com os terrenos. Desta forma, armazena e libera energia por meio de ligamentos, aponeurose e tendões, a fim de realizar um trabalho eficiente muscular durante o movimento”, esclarece Alex Souto Maior, Doutor em Fisiologia do Exercício pela UFRJ, coordenador e professor do curso de Ciência da Alta Performance da Faculdade UNIGUAÇU.

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