O luto gestacional e neonatal é uma experiência profundamente dolorosa, caracterizada pela perda de um bebê durante a gestação ou logo após o nascimento. Muitas vezes invisibilizado pela sociedade, esse luto carrega um peso emocional imenso para os pais, que frequentemente se sentem sozinhos e desamparados. A psicóloga Natália Aguilar, especialista em Psicologia Perinatal e Luto, explica que essas perdas, por não serem reconhecidas de forma clara pela sociedade, intensificam o sofrimento.
“O psicólogo perinatal trabalha com as questões que envolvem a perinatalidade e parentalidade, mas levando em consideração cada sujeito com sua própria subjetividade”, destaca Natália.
Um dos grandes desafios é o entendimento do luto como um processo individual, em que cada pessoa reage de maneira única. Profissionais de saúde que lidam com essas situações precisam estar atentos às necessidades emocionais dos pais, oferecendo apoio empático e sem julgamentos. Acolher a dor sem tentar minimizá-la é o primeiro passo para uma assistência humanizada e eficaz.
É fundamental que os profissionais da saúde evitem frases na tentativa de conforto, como “Você pode tentar de novo” ou “Pelo menos foi cedo”, que acabam invalidando a dor real da perda. Embora não tenham a intenção de oferecer um conforto superficial, essas frases, muitas vezes ditas sem plena consciência de seu impacto, não confortam os pais e podem intensificar a sensação de incompreensão. Reconhecer a existência e o impacto emocional do bebê perdido e permitir que os pais vivenciem o luto de maneira plena é essencial.
Além disso, profissionais devem estar preparados para lidar com a culpa que muitas vezes acompanha o luto gestacional e neonatal, ajudando as famílias a entender que, em muitos casos, essas perdas ocorrem sem uma explicação clara ou evitável. A presença de um psicólogo especializado pode auxiliar na ressignificação da dor, ajudando os pais a processarem o luto e encontrarem maneiras de seguir adiante.
O luto gestacional e neonatal, embora doloroso, não precisa ser vivido em solidão. O apoio de uma rede acolhedora e de profissionais capacitados pode transformar essa experiência, permitindo que as famílias atravessem esse momento com o devido respeito e compreensão.
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