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Ma’nene: o ritual Indonésio que desenterra os mortos para celebrar a vida

  • Foto do escritor: TKS Comunicação
    TKS Comunicação
  • há 12 minutos
  • 2 min de leitura

Na região de Tana Toraja, na Indonésia, o povo Toraja mantém viva uma tradição ancestral que desafia o conceito ocidental de luto: a cada três anos, corpos de entes queridos são desenterrados, limpos, vestidos com roupas novas e fotografados ao lado de seus familiares vivos como forma de honra, afeto e continuidade dos laços familiares.


Em pleno coração montanhoso da ilha de Sulawesi, na Indonésia, uma cerimônia tão inusitada quanto comovente acontece entre os meses de agosto e setembro: o ritual Ma’nene. Praticado pelo povo Toraja, o Ma’nene consiste em desenterrar os corpos de parentes falecidos para limpá-los, trocar suas roupas, fazer oferendas e tirar fotografias ao lado dos familiares vivos.


Mais do que um ato fúnebre, o Ma’nene representa uma celebração da memória e da presença contínua dos ancestrais. Para os Toraja, a morte não é o fim, mas uma passagem para o “Puya” — o mundo das almas — e o vínculo entre vivos e mortos jamais se rompe. O falecido permanece como parte ativa da família, e essa conexão é renovada regularmente com respeito e cuidado.


O ritual tem origem ancestral e reflete a complexa visão Toraja sobre a vida e a morte. Os corpos, após o funeral — que pode ocorrer anos após o falecimento, quando a família se sente preparada para realizá-lo — são mantidos em túmulos de pedra ou cavernas naturais, muitas vezes embalsamados com técnicas tradicionais que utilizam ervas, vinagre e tecidos para preservar suas condições.

Durante o Ma’nene, os corpos são cuidadosamente retirados dos túmulos, limpos com escovas e panos, recebem vestimentas novas e, em alguns casos, até acessórios como óculos ou relógios. As famílias, reunidas em torno do ritual, prestam homenagens e relembram histórias dos falecidos. Fotos são tiradas — não como registro mórbido, mas como lembrança de uma presença ainda sentida.


O ritual também inclui sacrifícios de animais, como búfalos e porcos, em agradecimento e como pedido de proteção espiritual. Para os Toraja, a continuidade da prosperidade da família está diretamente ligada ao respeito com que tratam seus mortos.

Ainda que visto com estranheza por olhares ocidentais, o Ma’nene é, para os Toraja, uma demonstração profunda de afeto, respeito e pertencimento. A tradição também atrai o interesse de antropólogos e turistas, contribuindo para o desenvolvimento do turismo cultural na região e reforçando a importância de preservar práticas que desafiam os limites da compreensão sobre vida, morte e amor eterno.

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