O neurocirurgião Guilherme Rossoni explica o que é a demência frontotemporal
O jornalista Maurício Kubrusly, 77 anos, foi diagnosticado há alguns anos com o distúrbio neurológico que atinge as regiões frontal e temporal do cérebro, doença chamada demência frontotemporal (DFT). A doença causa perda progressiva das funções cerebrais como a fala e alterações comportamentais.
O diagnóstico de toda demência causa muita tristeza para o paciente e familiares. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de pessoas que vivem com demência triplicará de 50 para 152 milhões até o ano de 2050. Dentre os tipos de doenças, a demência frontotemporal é a segunda causa mais comum degenerativa, ficando atrás apenas da doença de Alzheimer.
“Infelizmente a demência frontotemporal não tem cura. É uma condição que afeta as funções cognitivas e comportamentais do paciente. Ela é causada pela degeneração de células nervosas nas regiões frontal e temporal do nosso cérebro que atinge a funções como memórias, linguagem, julgamentos e tomada de decisões. É um tipo de demência que muda o comportamento do paciente no sentido social, fazendo com que ele perca a empatia, vontade de se relacionar com outras pessoas e atividades que, antes, eram realizadas com prazer.”afirma o neurocirurgião Dr. Guilherme Rossoni.
Os sintomas da DFT incluem:
Dificuldades de linguagem: lembrar palavras, perda de vocabulário e de compreensão das palavras;
Mudanças de comportamento: falta de interesses sociais, apatia, perda de inibição e desrespeito por normas sociais;
Mudanças de personalidade: comportamento impulsivos e/ou agressivos;
Problemas de memória: esquecimento de informações, palavras, repetição de ações ou perguntas, além da desorientação no tempo e no espaço;
Alterações motoras: dificuldades de coordenação, problemas de equilíbrio e rigidez muscular;
Problemas com realização de tarefas cotidianas: tarefas antes consideradas normais e fáceis como, por exemplo, cozinhar, praticar atividades físicas, utilizar aparelhos eletrônicos, entre outras atividades;
Dificuldade em tomar decisões: perda de iniciativa e motivação para tomar decisões.
Diagnóstico:
Sobre exames para o diagnóstico da DFT, o Dr. Guilherme Rossoni orienta: “É preciso uma avaliação clínica completa com sinais e sintomas, testes neurológicos e psicológicos, além de tomografias e ressonâncias para determinar quais as partes do cérebro estão afetadas. Muitas vezes, também pedimos testes genéticos para auxiliar o diagnóstico e prognóstico da doença que é desafiador pela semelhança de outros distúrbios neurológicos.”
Não tem cura:
A demência frontotemporal não tem cura, mas o tratamento para que o paciente e seus familiares tenham melhor qualidade de vida incluem terapias medicamentosas e não medicamentosas.
Medicamentos para controlar ansiedade, depressão, insônia, agressividade;
Medicamentos para ajudar a melhorar funções cognitivas e retardar a progressão da doença;
Fisioterapias;
Terapias ocupacionais;
Musicoterapia;
Acompanhamento psicológico;
Atividades físicas regulares;
Mudança no estilo de vida com dietas saudáveis e equilibrada;
Redução de fatores de risco como consumo de álcool e tabagismo.
Vale ressaltar que o tratamento para quem foi diagnosticado com demência frontotemporal não é apenas para o paciente, mas para os familiares que têm papel fundamental na qualidade de vida e melhora.
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